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Cor

  • Maria Helena
  • 5 de nov. de 2017
  • 3 min de leitura

Para realizar um produto audiovisual é preciso estar atento a todos os aspectos dele; entre composições de cenário, figurinos, maquiagem precisamos decidir um detalhe importante presente em todos eles, a cor. Existe a cor-luz, que é tratada com a direção de fotografia, e a cor-pigmento que é tratada com a direção de arte. A primeira corresponde à cor que será lida pela lente da câmera, considerando as alterações de luz que a iluminação possa ter planejado, a segunda é a cor dos objetos na realidade. Dependendo do tratamento da luz, a cor pode ser completamente alterada e passará uma impressão diferente. Geralmente, cores claras como branco e amarelo são indicadas para apontar expansão, ou seja, elas se destacam no quadro. Cores escuras como preto e azul constroem profundidade nos planos. Cores fortes e chamativas, como o vermelho, atraem atenção, por isso durante o filme elas podem indicar detalhes importantes.

O computador HAL 9000 observa os humanos em segredo e mais tarde se volta contra eles, em 2001- Uma Odisséia no Espaço (1968) de Stanley Kubrick.

Essas regras não precisam estar presentes em cada objeto, trata-se de saber colocar a importância correta em cada elemento e em cada cena. Muitas vezes rosa e vermelho serão usados para cenas de amor ou ódio por lembrar a cor do sangue, e o azul e verde serão usados para indicar tristeza ou isolamento, por lembrar a palidez e a falta de emoções fortes, ou seja, a ausência do sangue. Porém é necessário lembrar que é perigoso definir as cores do produto audiovisual com base em interpretações, que além de poderem indicar sentimentos muito opostos como amor e ódio, também variam de pessoa para pessoa, ficam dependentes do momento e das circunstâncias. O melhor a fazer é usar a cor da maneira que funciona comprovadamente na construção das imagens; afastando elementos do olhar, aproximando ou destacando outros, dependendo do que for melhor para o objetivo do filme.

Cenas do início e do fim de Cisne Negro (2010) de Darren Aronofsky. A total inversão de cores representa a mudança sofrida pela personagem Nina (Natalie Portman).

Em Morada, utilizamos as cores dessa maneira; a casa em Paranapiacaba é escura e sufocante, por isso há elementos nas cores azul e preto e tons escuros de vermelho. Rose nunca veste essas cores, desde o princípio ela está de amarelo ou rosa. Nas externas na cidade há sempre muito verde e marrom, fazendo de Rose um ponto de luz. Já as externas em São Paulo têm um espaço urbano, cinza e branco e detalhes aleatoriamente coloridos; Rose se destaca nesse espaço, vestindo e maquiando-se com cores fortes e chamativas como laranja e rosa shocking. Também veste tons claros de azul, em momentos de mais serenidade.

Rose lê sentada à mesa na Passagem Literária da Consolação, em Morada (2017). As cores predominantes com exceção do amarelo, estão presentes na cena com Frances em seu antigo quarto; agora ela se sente muito diferente em relação a elas.

Sua mãe, Cecília, parece mesclada com o ambiente, desaparecendo dentro das paredes; suas cores são parecidas com a da casa, com a exceção do branco, que ela veste no dia da partida de Rose, mas ainda se mistura a parede do quarto. Frances é a escuridão total; medo do futuro, medo do desconhecido, que nos arrasta como um buraco negro. Por isso o figurino e a maquiagem do personagem são feitos somente na cor preto, com um complemento muito leve de vermelho e cinza, ambos quase imperceptíveis.

Rose e Frances conversam sobre a grande mudança em seu antigo quarto em Paranapiacaba, em Morada (2017).


 
 
 

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